sábado, 2 de julho de 2011

E tudo começa na escola



“ Primeiro de março, dia de voltar as aulas.”
Muitas vezes, voltar as aulas, significa rever os amigos, mas para Duda não. Ela estudava na Inglaterra e havia se mudado para o Brasil.
Lá, ela havia deixado muitos amigos, e alguns inimigos. No Brasil, ela também tinha amigos, mas não os via há muitos anos, duas em especial, Alice e Sophia, elas se conheceram na creche e cresceram juntas até Duda ir para Londres.
- Alice, o que você pretende usar hoje?
- Não sei, pergunta pra Sophia.
-Não faço a mínima ideia.- Antecipa Sophia, já imaginando a pergunta.
-Tá, e o que eu uso?- Perguntou Duda.
-Vai com uma roupa normal. Cadê a modelo?- Brincou Alice.
Duda optou por uma calça skinni e uma regata preta, que a deixou parecida com Avril Lavigne, sua cantora preferida.
- Tá linda!- Responderam as duas amigas juntas.
-Vocês também.
-Vamos? Ou não chegaremos a tempo.
No colégio, tudo era diferente, os prefessores mais liberais e os alunos mais soltos. Para Duda, era confuso. Antes ela vivia em uma escola elitizada, onde aprendiam desde pequenos a serem empresários bem sucedidos, políticos, ..., profissionais de altos cargos. O s professores eram severos e não era prudente um aluno desrespeita-los. Para Duda era tudo novo.
Elas foram para o colégio apressadas. Ao chegar foram direto ao ginásio de esportes, onde seria feita a seleção das turmas.
Lá ela viu um garoto alto, com um belo sorriso e cabelos cacheados. Para Duda, ela havia visto um anjo em forma humana.
- Gurias, quem é aquele anjo ali?- Perguntou, apontando para o garoto que chamou sua atençã.
- Anjo?- Disseram as duas juntas.
- Ele é o diabo em pessoa! “Tira o teu cavalinho da chuva” que ele não presta.- Falou Alice.
- Tá, mas quem é ele? Nome...- insistiu outra vez.
- Ele se chama Matheus, estuda com a gente desde a sexta-série. Vai começa a seleção, torce para ficarmos todas juntas.
Quando chegou a vez das oitavas séries, Duda prestou atenção; mas não foi chamada nem pra 81, nem pra 82. Ela foi colocada na turma 83, junto com suas amigas e Matheus.
Elas olharam a sala em que ficaram e voltaram para casa de Duda. E assim acaba o primeiro dia de Duda de volta a cidade.
No outro dia, elas vão a escola. Elas escolhem sentar na fila das janelas. Sophia na primeira classe, Alice na segunda e Duda na terceira.
Quando Duda olhou para trás, ela levou um susto ao ver quem sentava atrás dela, era Matheus. Ele a cumprimenta e pergunta:
- É você a garota nova? Maria Eduarda, né?
- Duda, apenas Duda.
-Seja bem vinda Duda. E... não se assuste se ouvir berros do outro lado da sala, é a Thais brigando com o Duda.
- Tá, vou tentar me lembrar.
- Duda!!!!!!!!!- Chamou Alice.
- Que?- Pediu Duda, saindo da fantasia e entrando novamente na realidade.
- Não se esquece do que eu falei.
- O quê?
- Duda!! Não irrita!! Eu sei que tu ta brincando.
- Oi gente! Eu sou Neusa, a professora de religião. Gostaria que na hora da chamada, cada qual dissesse seu nome completo, idade, cidade natal, gostos e o que faz da vida. Ok?
“Alice.”
- Meu nome é Alice, tenho 13 anos, nasci aqui, sou brincalhona e amo assistir filmes, por enquanto apenas estudo.
- Muito bom.
“Maria Eduarda”
- Meu nome é Maria Eduarda, mas podem me chamar de Duda, Tenho 13 anos, nasci aqui, mas morrei por muitos anos em Londres, onde trabalhava como modelo e atriz, sou amiga, brincalhona, e adoro desafios, jogos, medos, pra mim superar.
Quando toca o sinal, outra professora entrou na sala. Desta vez era Leticia, professora de português. Ela pede para que os alunos sentem em dupla e ...
- Matheus, vamos nós dois?- pediu Thais.
- Desculpa,  mas eu já tenho par- respondeu. E olhando para Duda perguntou: - Não tenho?
- Hã? Há, claro.- Respondeu ela, olhando das amigas rindo, a Matheus sorrindo e a Thais brava.
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- Então, me conte um pouco mais sobre você, por que veio pra cá? Será que é pra fugir do frio?
- Não, na verdade eu até gosto do frio da Inglaterra.
- Então..., algum namoro que tenta esquecer ou algo parecido? Ou a escola que era ruim?
- Esquecer alguém, ..., talvéz. A escola era ótima, severa talvéz, não dava para sair a qualquer momento, mas era engraçado e sei lá, animante acho que seria a palavra certa, fugir, correr perigo.
- Então foi por amor.
- Não, na verdade não. Meus pais viajam muito e eu não gostava  de ficar viajando, então eles me matricularam em uma escola que é tipo um internato, uma escola elitista, onde passamos o dia estudando e dormindo lá a noite, onde aprende-se desde pequenos a ser empresários, políticos,...  Mas não é isso que eu quero pra minha vida, já foi complicado eles me aceitarem com a pequena agenda de atriz e modelo. Eu sonho em seguir carreira de modelo, atriz, cantora ou algo relacionado a pedagogia infantil, já que amo crianças.
- Você canta?
- É, mais ou menos. Eu e umas amigas tinhamos montado uma banda.
- O que você tocava?
- As vezes violão, mas eu era vocal. Como eu ia dizendo, a banda estava ótima, foi difícil terminar com ela, mas foi preciso. Até nem sei se daria certo.
- Por que?
- Não sei, pra elas era mais um passatempo, e que passatempo perigoso.
- Perigoso? Por que?
- Era proibido.
- Você gosta de se meter em confusões ein.
Ela apenas limitou-se a rir.
- Talvéz, qualquer dia desses, poderíamos nos encontrar e você poderia me mostrar seus trabalhos.
- Claro, é só marcar.
- Sabe, conversamos muito, mas ainda não entendi por que você veio pra cá.
- Talvéz por motivos do coração, mas a verdade é que eu tava com saudade do Brasil, saudade daqui, dos meus amigos. Você já percebeu, falamos o tempo inteiro sobre mim e nada sobre você. Que tal mudarmos a história? Agora eu pergunto e você responde?
- Claro, mas depois que acabar-mos isto.
Eles terminaram o trabalho e ela sugeriu:
- Que tal agora?
- Tudo bem. Me chamo Matheus, tenho 16 anos,...
- Isso eu já sei, outras coisas, você sabe tudo sobre mim, mas eu não sei nada sobre você.
- Tá. Venho de uma família de músicos e como tals sou um também.
- E amores?
- Não gosto de falar sobre isso.
- A vai. – Pediu ela.
- Tudo bem. Quando eu tinha 14 anos, eu tava namorando, e posso dizer que tava apaixonado por ela. Viviamos maravilhosos momentos juntos. Só que o pai dela resolveu ir morar em outro estado. Foi triste ter de nos separar, mas foi preciso. Jurei visitá-la nas férias...
- E foi?
- Não, um mês depois uma amiga dela veio me contar que ela tinha outro. Foi uma barra, sofri tanto. Depois disso jurei que jamais me apaixonaria novamente e só curtiria.
- Eu posso imaginar.
- Não, não pode.
- Posso sim. Também já sofri muito por um idiota. Ele me traiu com minha amiga.
- Nossa que barra, e que amiga hein!
- Então foi por isso que saiu de lá.
- Não, eu superei um pouco. Depois de um tempo eu comecei a sair com outro. O problema era vê-los no colégio, mas o Dani me fez esquece-lo.
- Então esqueceu um, mas sofreu com outro? Tu gosta de sofrer.
- Não. Eu e o Dani somos super amigos, apenas não deu certo, ele estava mais me ajudando a esquecer aquele traste. Q eu tal continuar-mos falando sobre você?
- O quê?
- Futuro, sonhos,...
- Bom, eu quero viajar pelo Brasil e o mundo com a banda e “se” eu me casar com minha esposa.
- Porque “se”?
- Já disse, jurei não me apaixar denovo.
- E se acabar se apaixonando?
- Por isso eu disse “se”. Essa conversa está indo pra outro lado, melhor mudarmos de assunto.
Quando tocou o sinal para o intervalo, Duda se juntou a Alice e Sophia. As duas estavam rindo.
- Diabo? Tem certeza? Ele ainda me parece um anjo.
- Não sabia que anjo tinha chifre.- Brincou Alice.
- Estou falando sério!
- Nós também.- Falou Sophia.- Tu não tem ideia de quantas garotas já choraram por ele ou ainda choram. Ele já passou a mão por metade das gurias do colégio.
- Ele me contou.
- Ah! Então quer dizer que ele se acha o “bambambam” por fazer alguém chorar por ele.
- Não. Quando ele tinha 14 ans ele se apaixonou por alguem que o fez sofrer muito, dizendo que o amava mas se agarrando com outro. Aí, depois disse ele jurou que jamais se apaixonaria por outra garota.
- Então Duda, se toca, esse é mais um motivo, cai fora. Não quero que tu sofra como da outra vez.
- Tá! A gente é só amigos!
- Finjo que acredito. Tu viu a cara da Thais, ela tá tri brava contigo
- Ela não deve estar, é óbvio que ela está. Será que ela gosta dele?
- Não ela simplesmente não suporta que venha alguém e leve o que é dela.
- Mas ele não é propriedade dela.
- Eu sei disso. Quem não sabe é ela.
- Sabe, tô começando a gostar, já achei o meu primeiro desafio.
- Ei Duda.- Gritou alguém do outro lado do campo. Esse alguém era Matheus; ele pediu:- Quer vir no Show que eu vou tocar sábado?
- Claro, seria uma honra.
E assim acabou seu segundo dia na nova escola.
Com o passar do tempo, Duda e Matheus foram se tornando mais amigos, mas em seus corações, crescia algo que nem eles imaginariam crescer novamente dentro deles, ainda mais por um amigo.
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- Por favor, líderes das turmas comparecer a secretaria.- Falou a voz vinda do interfone.
- Vai lá Duda, eu termino pra ti.
Duda vai a secretaria onde deveria sortear seu assunto para o festival de talentos, que naquele ano seria relacionado a música.
Ao voltar pra sala, Duda anuncia, eles haviam pego o ritmo rock.
- A vai ser fácil.- Disse Thais.
- Nem tanto. – Comentou Duda.
- O que tu sabe pra falar?
- Bem mais que tu concerteza. E não vai ser fácil, busca a história do rock desde o início, todos os astros e tenta apresentá-los em quinze minutos.- Explodiu Matheus.
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Os preparativos para o festival estavam começando, e as primeiras dúvidas surgindo:
“ O que vamos fazer?”
“Canto?”
“Não.”
“ Dança?”
“ Teatro?”
“ Quais ídolos do rock homenagear?”
E com o passar dos dias mais dúvidas resolveram aparecer.
Depois de tudo decidido, começaram os ensaios; intermináveis horas que, ao começo de um novo ensaio evaporavam-se. Os períodos cedidos por professores e as horas de ensaio fora da escola, pareciam não serem o bastante para aquela turma.
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Sexta-feira;
Era a hora da apresentação, o tão esperado momento. A ansiedade havia dado lugar ao medo, nervosismo. Ninguém queria errar, todos queriam ganhar, mas apenas uma turma seria a vitoriosa.
- E agora com vocês, na modalidade obrigatória a turma 83 encarregada do ritmo rock!
“Do céu à terra, o rock ninguém supera!”
Era a hora, agora não havia mais como voltar atrás. Em alguns minutos a cortina iria ser aberta e a revelaria para toda a escola. De repente ela começa a ouvir o início de sua apresentação e então todo o medo, todo o nervosismo desaparece, como um passe de mágica.
“- O rock surgiu nos anos 50 nos Estados Unidos, tendo como seu rei Elvis Presley, conhecido mundialmente como o rei do rock, ou a lenda do rock.- Em sua mente Duda imaginava seus colegas apresentando, anos 50, 60 e 70, sendo apresentados num céu, com muitos anjos assistindo, já, a partir dos anos 80, sendo apresentado na terra, com um mundo assistindo.- Nos anos 60 o rock é marcado por rebeldias e transgressões. Esta fase marca a entrada do mundo do rock da banda de maior sucesso já então conhecida, com vocês Jon Lenon, representando a lendária The Beatles.
Os quatro jovens de Liverpool estouram nas paradas da Europa e Estados Unidos, em 1962, com a música Love me do. Os Beatles ganharam o mundo e o sucesso aumentava a cada ano desta década. Os anos 60 também ficaram conhecidos como “Anos rebeldes” graças aos grandes movimentos pacifistas e manifestações contra a Guerra do Vietnã. O rock ganha um caráter político de contestação nas letras de Bob Dylan. Outro grupo inglês começa a fazer grande sucesso : The Rolling Stones, no Brasil surge Celly Campelo, que estoura nas rádios com o sucesso banho de lua e estúpido cupido.- Em sua mente ela também imagina as músicas usadas na apresentação, Love me tender, na voz do lendário Elvis Presley; Love me do, cantada pelos garotos de Liverpool, The Beatles; I can't get no satisfaction, na voz  de The Rolling Stones e banho de lua e estúpido cupido, na voz de Celly Campelo.- Os anos 70 chegaram, e foi a vez do punk rock. O heave metal de bandas como Led Zeppelin. Aqui surgem cantores como Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados. Nos anos 80, começa a fazer sucesso uma banda irlandesa, chamada U2, com letras de protesto e forte caráter político, surge no Brasil, bandas como Legião Urbana , Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Blitz e Os Paralamas do Sucesso.
Os anos 90 foram marcados por fusões entre ritmos diferentes, bandas como Red Hot Chili Pepeers ganham o gosto dos roqueiros e fazem grande sucesso. O rock britânico ganha novas bandas como, por exemplo, Oasis, Supergrass e Green Day . Fazem sucesso no cenário do rock nacional Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Skank, entre outros.
Uma nova era iniciou e novos estilos foram surgindo, o rock continuou em alta. Podemos destacar a cantora Avril Lavigne, que também é conhecida como princesinha punk, nome dado, por seu modo de se vestir e comportar-se.
Novos estilos de rock foram nascendo, o hardcore, já existente nos anos 70 ganhou força com bandas como NX Zero e Fresno, com letras melódicas estas duas bandas fazem sucesso no mundo inteiro. No cenário do rock inglês surge Paramore, uma das bandas mais populares de atualmente. A banda surgiu em 2004 em Tennessee, tendo como integrantes Hayley Williams, Jeremy Davis, Josh Farro e Zac Farro. Em 2008, a banda lançou o single “Decode”, que integrou o filme Twilight, em português Crepúsculo, e teve um sucesso estrondoso. - Estava chegando à hora, em alguns segundos a cortina seria aberta, e lá estaria ela, aguardando para fazer a sua parte. Vestida como Hayley Wiliams, ela aguardava. De longe ela ouve as últimas palavras antes da cortina ser aberta, e começa a ouvir o inicio de sua música, era a sua vez.
- Vai lá garota. - Ouviu Matheus falar.
E ela foi, começou a cantar, todos se assustaram, ninguém havia ouvido alguém cantar daquele jeito na escola. Professores, alunos, pais que haviam vindo prestigiar seus filhos, e prefeito, todos não acreditavam que houvesse na cidade alguém com o potencial de voz que ela tinha, até Matheus estava espantado, mesmo já tendo ouvido ela cantar outras vezes.
Sua voz na música Crushcrushcrush era maravilhosa, todos estavam encantados. Ela cantava com força, garra, determinação, não estava nem um pouco envergonhada ou intimidada pelo palco ou pelo público, muito pelo contrário, ela se mostrava firme, não estava nem se lembrando que estava em cima de um palco, era como se ela estivesse sozinha, em seu quarto cantando.
“Crush... Crush... Crush... Crush! Crush!”
A apresentação foi um sucesso. Todos aplaudiam em pé.
- Nossa. Parabéns turma, mas agora vamos para o intervalo, voltem para suas salas e aguardem o sinal. Bom recreio.
Todos estavam eufóricos com a bela apresentação. A turma estava confiante de que seria a vitoriosa do festival.
- Parabéns Duda, você foi maravilhosamente bem.- Falou Matheus em suas costas. Ela assustada se vira.
Foi como se o tempo parasse para os dois, como se não houvesse nada ao seu redor, apenas os dois em todo o universo.
De repente tudo voltou ao normal, os dois amigos novamente.
- Que nada, só fiz o que meu professor me ensinou no curso.
- Você estava maravilhosa, ninguém estava acreditando que alguém cantava assim. Até eu me surpreendi.
- Para. Vou ficar vermelha.
- Sério, você foi muito bem.
- Brigada.
O sinal para o término do intervalo soou e eles voltaram para o ginásio.
- Ei, Maria Eduarda.- Chamou a vice-diretora.- Será que você poderia junto com o Mathues e a professora Mariana cantar algumas músicas enquanto é decidido os vencedores do festival?
- Claro, mas que músicas?
- Vocês decidem. Aqui estão os dois. – disse ela ao aproximar-se da professora Mariana.
- Oi.- Disse a professora.- Que voz hein menina.
- Brigada. Mas profe, o que nós vamos cantar?
Alguns minutos depois, os três, Maria Eduarda, Matheus e Mariana, estavam no palco, animando os alunos.
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- E agora, vamos descobrir os vencedores da modalidade obrigatória. E...- Todos estavam apreencivos, Duda e Matheus estavam de mãos dadas. Todos queriam serem os vencedores. Ela abriu o envelope e... – Oito, pelo jeito é uma oitava, e é a turma ... 83!
Ninguém estava acreditando.
- Vamos turma 83 venha receber o certificado.
Todos subiram ao palco, eles estavam muito felizes com mais uma vitória da turma, eles já haviam ganhado, também em primeiro lugar, na modalidade canto, onde Duda e Matheus cantaram a música Equalize da cantora Pitty.
- Parabéns turma, mas agora, pra finalizar-mos, gostaria de pedir pra que a Maria Eduarda e o Matheus cantassem novamente a música Equalize, para darmos o encerramento da semana de talentos.
“Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito...”
Começou Duda. Algo forte começou a acontecer dentro dela, ela sabia que já havia sentido isso, mas em menor escala.
Matheus continuou:
“Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho, tão de perto
Me balanço de vagar
Como quando você me abala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado”
E os dois juntos continuaram:
“Eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é
Eu vou equalizar você
Numa frequencia que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te guardar em mim...”
Matheus continuou, agora sozinho:
“Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais...”
Cantou ele, olhando fixamente para Duda.
Dentro dele, algo muito estranho começou a acontecer também, foi como se um fogo, a muito tempo apagado, reacendesse.
Duda se sentia muito estranha, mas continuou:
“Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
E porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar
E o tempo é só meu
E ninguém registra a cena
De repente vira um filme
Todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é...”
Aquilo estava muito estranho, os dois olhavam-se fixamente, estava desconfortável, mas seus olhos não conseguiam mudar de direção. Juntos novamente os dois continuaram a cantar olhando-se fixamente:
“Eu vou equalizar você
Numa frequencia que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te guardar em mim”
Os dois agradeceram e sairam do palco, juntos de mão dadas, algo muito estranho estava acontecendo, mas nenhum dos dois sabia dizer exatamente o que era.
Alguns dias foram se passando e oque Duda sentia por Matheus estava aumentando, mas ela tinha medo de falar e acabar estragando com a linda amizade que os dois haviam construido.
Matheus também não conseguia tirar Duda de sua cabeça, ele estava apaixonado.
-Duda, precisamos conversar.
- Tá bom.- falou Duda assustada.
- Bom, não sei por onde começar.- Sua mente estava confusa, ele tinha muita coisa para falar, mas não sabia como começar, então simplesmente a beijou.
- Matheus...
- Duda, eu te amo.
- Eu também.

Tudo estava maravilhoso, os dois estavam felizes, passavam ótimos momentos juntos. Suas amigas brincavam com ela, mas ela nem se importava, estava feliz ao lado de Matheus.
Dias, semanas e meses foram passando, era apenas os dois em um mundo perfeito.
Era fim de ano, Duda estava animada com o fim das provas e com o término de mais um ano letivo, e também estava muito feliz com Matheus. Já ele, estava estranho, na verdade, ele não aparentava, mas por dentro ele tinha muitas dúvidas, queria ficar o mais distante possível de Duda.
De repente, após alguns dias do fim das aulas, Matheus ligou para Duda, pedindo que o esperasse em sua casa, ele precisava falar com ela.
-Duda, precisamos conversar.
-Oque foi amor?
As palavras de Duda faziam Matheus se despedaçar por dentro, ele não queria magoa-la.
- Quero terminar.
- Como assim? Terminar? Não, você só pode estar brincando, está tudo perfeito entre a gente, somos felizes, eu te amo.- Duda estava aos prantos.
- Eu não te amo mais.- Falou Matheus.
Ele sabia que isso não era verdade, mas era preciso. Era o único modo das coisas terminarem. Ele estava muito mal por ter feito a garota que mais amou na vida chorar.
Duda estava aos prantos, chorando igual a um bebê, enrolada em sua cama. Seu coração fora novamente partido.
- Você jurou que não iria me machucar! Você falou que era diferente!- Gritava ela entre lágrimas. – Pelo visto me enganei, você é igual a todos os outros.
Matheus não conseguia mais ver aquela cena, precisava ir embora, não conseguia vê-la daquele jeito sem ir querer consola-la. Antes de sair, deixou um bilhete em cima da cama.
“ Duda, meu amor, não podemos mais ficar juntos, sinto muito. Um dia você vai entender o porque. Vou embora para você poder esquecer-se de mim com mais facilidade. Sei que isso é dificil, eu também estou sofrendo. Você será meu eterno amor. EU TE AMO MUITO. Sempre estarei perto de você, apenas você não sabera disso, vou cuidar eternamente dessa minha menininha. Só lhe peço mais uma coisa.
ME ESQUEÇA E SEJA FELIZ.”

Na rua mais ao longe seguia Matheus desnorteado. Ele sabia que Duda era o amor de sua vida, mas os dois jamais iriam poder ficar juntos depois do que Matheus descobriu.
Os pais de Duda, antes dela nascer tiveram outro filho que morreu no parto segundo uma enfermeira, mas na verdade, o bebê havia sobrevivido e foi criado por uma outra familia.
“Nós jamais poderemos ficar juntos, mas eu te amo eternamente.”
Pensava Matheus enquanto seguia até sua casa.
Ele soltou mais alguns papéis, desta vez na rua.
Em um deles escrito:
Você será minha eterna namorida. Você será meu eterno amor.
TE AMO MINHA IRMÃ!”

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