-Chega Rafa! Você já me magoou o suficiente não acha?
- Não chega não Isabella, já estou cansado dos seus joguinhos!- Gritou ele. Todas as pessoas que por lá passavam olhavam os dois discutirem.
-Acorda Rafa, não tem jogo algum. Eu simplesmente não sabia que era tu, senão... Senão...
Tudo começou no baile de máscaras que ocorrera um ano antes, os dois eram amigos, mas como era a tradição, meninas de um lado, meninos de outro. Amigos ou não, todos se conheciam novamente, mas ao primeiro olhar não havia como saber quem era quem, eles deveriam se importar com as virtudes e não com a beleza, segundo a diretora.
Foi lá que tudo começou, os dois se conheceram novamente, ela vestia branco. Seus cachos pendiam como molas, unindo-se perfeitamente com a noite, e claro, o que não poderia faltar, a máscara.
Ele, vestido de preto, o moço da noite, o sonho de muitas garotas. Seus cabelos loiros eram o seu cartão de visitas. Para aquela noite, ele havia buscado a máscara perfeita, a máscara da paixão, segundo o vendedor.
Logo que ela chegou no local do baile, o salão nobre do restaurante Cruzeiro, todos os olhares se voltaram para ela, e como os olhos de todos os outros garotos, o dele também. O olhar dela, ao captar os olhos daquele garoto lindo, um anjo, como o definiu, se acendeu, e ela não conseguia parar de olhar para ele.
Rafael percebendo o interesse dela por ele e sabendo que sentia o mesmo por ela, foi ao seu encontro para conversarem, e a noite passou, os dois sempre juntos, dançando, conversando, se tornando bons amigos, e promessas de se encontrarem além da festa surgiram.
Para não descobrirem suas verdadeiras identidades, ele criaram perfis diferentes para poderem se falar e assim se passou um ano. Agora, no Baile de Mácaras II, eles combinaram de se revelar. Era meia-noite quando isso aconteceu, e o choque foi geral. Eles e seus amigos estavam chocados, e a paz daquele grupo havia acabado.
-Senão o que ein?
-Nada. Chega! Estamos no meio do centro e tá todo mundo olhando. Chega de ser machista e ...
-Machista, eu?
-Sim tu, que não sabe admitir, - ela chega a faixa de pedestres, olha se vem algum automovel e começa a travessar.
-Admitir o que ein?- grita ele em sua direção. –Bella. Sai daí!
- O que?
-Sai daí!- Ela olha e se assusta, não consegue sair a tempo.
Então é como se tudo começasse a acontecer em câmera lenta. Primeiro, a batida, depois, ela sendo arremessada cinquenta metros a frente, em outra faixa de pedestres, terceiro, ela sendo arrastada mais cinquenta metros, onde ficou imóvel, depois, ela ensanguentada no asfalto, quinto, o motorista do caminhão fugindo do local, depois, ele correndo ao encontro dela, no chão estraçalhada.
Novamente tudo havia mudado, agora era tudo acelerado, correria, gritaria, curiosos querendo saber do ocorrido, e ele lá, vendo tudo, mas prestando atenção em apenas uma coisa, Bella respirava. Mesmo ele não querendo admitir ela havia conquistado seu coração.
O socorro chegou e ela foi levada para o hospital as pressas, seu estado era crítico, fraturas nos ossos, devido ao atropelamento, esfolados feios, por ter sido arrastada no asfalto, muita perda de sangue, e uma série de eteceteras médicas.
Ele estava abalado, em estado de choque, não sabia o que fazer.
Começou avisando os pais dela, que moravam na Inglaterra, depois foi avisando os amigos do ocorrido. Ele se sentia culpado, dizia que se não tivesse discutido com ela, nada teria acontecido.
No hospital, o estado dela apenas piorava, seus sangue era raríssimo e não havia estoque dele. Seus pais tentaram doá-lo para a fiha, mas não foi possível, pois não era compatível. Então, uma luz surgiu, seus amigos foram os seus doadores, ninguém sabia como ou por que, mas o sangue dela com eles era compatível, para o alívio geral.
Meses passaram e ninguém acreditava que ela estava viva e fora de perigo. Todos, incluindo os médicos, não sabiam explicar como depois de um acidente horrível como aquele, alguém poderia ter sobrevivido.
Ele ainda se sentia culpado pelo ocorrido, mesmo que seus amigos dissessem que a culpa não era dele, nada fazia-o mudar de ideia. Bella agora estava em um quarto, não mais na UTI, faltava pouco tempo para ela sair daquele lugar, que ela caracterizava como um lugar sem vida, branco demais.
Rafael jamais saiu do seu lado, ele apenas ia para a escola, mas sua mente continuava no hospital, ao lado de Bella.
Era dia 28 de julho, já havia se passado mais de um mês desde o ocorrido com Isabella, mas ela continuava em observação no hospital.
“Neste instante ela está dormindo e eu estou ao seu lado, velando seu sono, espero que você saia logo deste lugar, para que possamos voltar a viver como era antes de descobrirmos quem éramos naquele baile, quero poder dizer que te amo”- pensava Rafael- então ele a beijou.
Bella acordou, as lágrimas escorrendo por seus olhos.
- Bella, o que foi? Porque você está chorando?
-Nada.- Responde ela.
-Não Bella, algum motivo tem. Tu está sentindo dor? Quer que eu chame o médico?
-Não já disse, não é nada, é bobagem.
-Pra mim, nada que você fale ou sinta é bobagem. Me conta.
-Tudo bem, mas não ri. Eu estava chorando porque acordei.
-Hã?
-É, por que acordei. Estava num sonho maravilhoso.
-Me conta esse sonho então.
Bella ficou vermelha.
-Bem, eu estava sonhando que alguém estava me beijando.
-É, mas quem estava te beijando?
-Você.
-Não seje por isso, continuamos onde paramos no seu sonho.
E ele a beija novamente.
-Bella, bem, já faz algum tempo, ou melhor, muito tempo que eu queria te conta, mas sabe como é né, eu não tive coragem.
-Sei muito bem, eu também não tive coragem.
-Eu te amo.- Falaram os dois juntos.
-Quer namorar comigo?- Pergunta Rafael.
-Sim.
O que acontecerá com os dois um dia descobriremos, até lá ficamos na curiosidade.
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